09/05/2011

10:05 da manhã

11/09/01 06:23

O mar estava calmo. O céu estava azul. E os pássaros cantarolavam como se soubessem da magia do teu som. Tudo indicava o mais belo dos dias. Verdade. Para Robert era o mais perfeito. Ele, acordou uma hora mais cedo naquele dia. A ansiedade o consumia por inteiro. Estava feliz. Animado com o momento em que veria sua amada. Aquela pequena caixa preta, forrada com veludo, que tinha lhe custado mais de dois meses de trabalho, pesava uma tonelada em seu bolso. Não sentia nem ao menos seus pés sob chão. Tuas mãos tremiam compulsivamente e suavam como nunca. Estava pra se tornar o melhor dia da sua vida.  E sabia disso.  Irônico. Sophie também acordou uma hora mais cedo, embora por motivos opostos. Se levantou sem propósito fixo. Estava apreensiva. Havia ficado acordada até tarde pensando em Robert. Tinha medo das palavras dele, afinal, qual seria o motivo de um encontro tão repentido e desesperado? Término? Por mais opções que existissem, o fim do namoro era o único que fazia sentido para Sophie. Pensou mais de três vezes em desmarcar e inventar alguma desculpa esfarrapada, mas se sentiu péssima ao imaginar obrigar uma pessoa a se prender a ela por piedade, compaixão. 

09:46
Robert chegara ao World Trade Center alguns minutos antes do combinado. Havia se arrumado toda a manhã. O chão parecia estremecer sob suas pernas bambas. As pessoas pareciam que o encaravam como o mais impuro dos homens. Paranóia. Era apenas loucuras que passavam por sua cabeça entorpecida. Em sua mente só conseguia ver os olhos doces e os fios loiros de seu amor. Quando ele a viu pareceu enlouquecer novamente, como um viciado ao ver sua droga favorita. Ela estava linda como sempre, parecia ter acordado do mais lindo sonho. Seus olhos pareciam estar cansados e sua rosada boca tremia. Ela aproximou-se, lhe deu um singelo beijo e o comprimentou. Os dois segundos de silêncio fizeram com que Sophie
 lembrasse da desconfiança desta manhã e suas mãos gelaram com o pensamento. Ao fim daquela tortura da falta de palavras, finalmente ele conseguiu pronunciá-las da mais perfeita forma.
- Você está tão linda. - Seu rosto corou e não lhe parecia a melhor opção beijá-la naquele momento.
- Como você consegue fazer isso comigo? - Foram as únicas palavras que ela conseguiu falar depois do espanto dos mais longos segundos.
- Como assim? - Seus olhos fixaram nos dela.
- Como consegue me fazer delirar com tão poucos gestos? - Sorriaram juntos e trocaram um profundo olhar.
- Te chamei , hoje, terça feira, porque foi aqui que te pedi em namoro á quatro anos atrás. E achei que fosse o lugar ideal. - Finalmente Sophie entendeu a mistura das letras embaralhadas que saiam como vento no doce hálido do mais perfeito homem. Ela compreendeu tudo, como se fosse a descoberta do século. Abriu um sorriso contagiante e não conseguiu se conter. O abraçou com tanta força que o impediu de continuar. Essa foi a pausa necessária para que tudo a sua volta virasse um inferno.

10:05 

A última coisa que Robert viu foi o rosto assustado e desesperado da sua razão de viver. Impurrou-a com tanta força que sentiu como se houvesse a esmagado com seu corpo atlético. Só conseguia escutar os gritos abafados e desesperados. O toque da polícia. O chamado da ambulância. O terror, enfim, chegara. Chegara com um turbilhão de mortos. Chegara com o desespero de mães. Ele não conseguia saber se estava lúcido. Tudo lhe parecia o pior dos pesadelos. Escutou algumas palavras de pessoas que lhe tocavam como se quisessem descobrir se estava realmente vivo. Não abria os olhos. E ele não entendera porque não abria os olhos. Ouviu claramente - 'O mundo está acabando (..) As torres gêmeas foram atacadas (..) O que está acontecendo' - Era o fim. Não havia nada a ser feito. Ele mal conseguia mover seu corpo e sua mente estava entregue a sua amada. Adormeceu por muitos minutos.

 Depois de despertar e se levantar, o mundo ainda estava em choque, tudo a sua volta estava completamente destruido, mas a única coisa que conseguia ver era Sophie. Seu rosto estava tão perfeito como no começo do dia, porém estava sem cor. Parecia estar sem vida. Começou a chorar desesperadamente tentando fazer com que os lindos olhos de So se abrissem. Sim. Ela estava viva. Estava fraca, mas viva. Ele conseguira salvá-la. Nunca sentiu teu coração mais leve como naquele instante. Abraçou-a e prensou teu corpo contra o dela, fazendo-o estralar. So tirou o fino e destruido óculos que tampava a visão de Robert e observou cada detalhe, como na primeira vez. Observou com fome, desejo, vontade, saudade. As lágrimas não se conteram e se derramaram pelo sujo rosto de ambos.

 Teu amado estava bem. Era a única coisa que importava para ela. As mãos dele estavam gélidas e rígidas sob as dela. Observá-la tinha se tornado seu maior  passatempo. 
- Pensei que tivesse te perdido. Foi meu pior pesadelo. - Estremeceu.
- Você nunca irá me perder. Porque eu faço parte de você. - Essas foram palavras suficientes para que o casal jovem se jogassem em um ardente e ansioso beijo apaixonado. Ao final de tanto desespero Robert procurou pela caixa de veludo e encontrou-a amassada em seu bolso rasgado. Por fim conseguira tê-la em suas mãos. A única frase que pôde dizer a ela antes que ela proferisse algo, foi:
- So, quer se casar comigo?

1 comentários:

Raíla G. disse...

Poxa vida, você me fez quase chorar aqui, pensando que ia dar tudo errado, mas enfim, que bom que deu certo, texto bem escrito e interessannte, parabéns e boa sorte :D

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