Equilibrio Frágil

Despertei com o som que seus faziam ao tocar o violão que te dei no dia em que te pedi em namoro. Te vi ali, na minha frente, sentada na velha cadeira de madeira surrada que havia em nosso quarto. Ah, seus cabelos loiros faziam com que aquele podre móvel se tornasse a mais linda moldura. Naquele momento percebi porque te amava tanto. Não se engane. Não te amo por ser ter tão perfeito rosto, mas si por ter tão perfeita música dentro de si. Uma música latente. Que poderia destruir montanhas, que poderiam tirar lágrimas reais de objetos inanimados. Quis te abraçar, mas se lembra? Lembra-se da noite passada? Lembra do jeito que gritei com você injustamente? Me sinto envergonhado por ter tirado seu sorriso, me sinto sujo, mas mesmo assim te amo. Levantei lentamente sem fazer o menor barulho. Não queria atrapalhar sua melodia. A única coisa que consegui fazer foi te dar o livro que tinha no banquinho do lado da cama. Peguei-o e o coloquei em suas mãos, disse então como justificativa para tal ato:

- Fiz esse livro quando te conheci, tive como inspiração cada traço do teu rosto e continuo escrevendo com o mesmo motivo, e a mesma inspiração.