Querido. Mais que querido, Amor,
Pensei várias vezes em como lhe escrever e como utilizar as palavras certas nesta carta, pensei até em não escrevê-la, mais não consigo te deixar ignorante.
Andei refletindo em como te dizer tamanha crueldade.
Pensei em mentir e te livrar da talvez feliz depressão.
Pensei também em omitir, mas sei que meus olhos iriam lhe revelar a verdade
Na verdade, sei que seus olhos iriam acabar escorregando nas próprias lágrimas.
Não há mais como te beijar sem pensar nas duras palavras que poderão sair da minha boca
Pois a realidade está ai, na sua forma mais crua, estampado nos lençóis
Estampado como nas flores das xícaras que me deu
Entalado e ao mesmo tempo em um exagerado modo de sentir
Te amei a primeira vez que cruzei com seu olhar, te amo como se não bastasse te ter
Te quero como se não tivesse,
Te quero de um jeito que nunca tive, e que fique bem claro.
Desculpe pela rude forma de lhe dizer tais absurdos em minha atordoada mente
Desculpe por não te perdoar como tanto quero.
Mas hoje não acordou ao meu lado na cama e provavelmente perdeu a hora pois não sentiu o cheiro do café quente de toda manhã.
Isso acontece pois descobri que não me ama. Sim. Descobri.
Percebi a mentira do seu olhar.
E por mais que me doa abrir os olhos, tenho que fazê-lo, pois fechar seria como aceitar sua recusa.
Acordei decidida a te fazer feliz. E por isso, meu mais que querido amor, te deixo enfim livre.
Livre pra amar quem tanto ama em silêncio.
Livre o suficiente.
Não sei se ainda viu, mas deixei nossas fotos com você.
Faça o que quiser com elas, mas não queime-as, não as deixe solitárias.
Apenas reviva alguns instantes que tivemos e talvez se sentir algum vazio inexplicável em teu peito, acenda a fogueira
Acenda-a e aqueça tua pele de fora pra dentro, como eu mesma faria se ainda tivesse algum lugar no teu coração.